Prigozhin chega a Belarus e Putin assegura que evitou uma 'guerra civil'
Belarus anunciou, nesta terça-feira (27), a chegada do chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgueni Prigozhin, como parte de um acordo que encerrou a rebelião na Rússia, onde Vladimir Putin assegurou ter evitado uma "guerra civil".
Segundo presidente bielorusso, Alexander Lukashenko, Prigozhin chegou ou estava prestes a chegar a Belarus.
"Vejo que Prigozhin já está viajando no avião. Sim, efetivamente, hoje está em Belarus", disse em uma declaração ambígua à agência oficial de notícias Belta.
Os meios de comunicação bielorussos informaram que um avião particular pertencente ao chefe do grupo Wagner havia aterrizado em Minsk durante a manhã desta terça.
Prigozhin estava desaparecido desde o anúncio do fim de sua rebelião no sábado à noite, depois de 24 horas de caos nas quais seus homens tomaram bases militares e marcharam em direção a Moscou, antes de desistir repentinamente.
Nesta terça, Vladimir Putin agradeceu aos militares que, segundo ele, impediram uma "guerra civil".
Com um ar sério, o presidente russo pediu um minuto de silêncio para os pilotos do exército que morreram em ataques durante o motim quando "cumpriam seus deveres com honra".
- Desarmar o grupo Wagner -
Algumas horas antes, o Ministério da Defesa da Rússia, muito criticado pela milícia, anunciou "preparativos para transferir ao exército os equipamentos militares pesados do grupo Wagner às unidades ativas das Forças Armadas".
Uma medida que parece ter o objetivo de neutralizar o grupo Wagner, uma milícia que, até agora, atuava sob instruções do Kremlin na Ucrânia, Síria e em vários países africanos.
Apesar de as autoridades russas negarem diversas vezes qualquer relação com o grupo Wagner, Putin afirmou nesta terça que o Estado havia "financiado completamente" esse exército privado, pagando-lhe mais de 1 bilhão de dólares (aproximadamente R$ 5,2 bilhões bilhões, na cotação da época) no ano passado.
Na segunda-feira, o presidente russo denunciou a "traição", ao mesmo tempo que assegurou que os combatentes do grupo Wagner poderiam se unir ao Exército, retornar para suas casas ou seguir para Belarus, cujo presidente, Alexander Lukashenko, atuou como mediador na crise.
Lukashenko, em uma crítica velada a Putin, considerou que a rebelião foi resultado da má gestão das rivalidades entre o grupo Wagner e o exército russo, que aumentaram consideravelmente desde o início do conflito na Ucrânia.
"A situação fugiu do controle", apontou o líder bielorusso.
Vários líderes e analistas ocidentais acreditam que Putin sai muito fragilizado dessa crise.
Com sua ofensiva na Ucrânia, "Putin também está pondo em perigo a segurança do seu próprio país", disse, nesta terça, a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock.
Mas, segundo o Kremlin, a rebelião, ao contrário do que se esperava, levou a população a "se consolidar em torno do presidente". "O exército e o povo não estavam ao lado" dos amotinados, segundo Putin.
Em uma mensagem de áudio veiculada na segunda, Prigozhin negou ter tentado "derrubar o poder" e disse que apenas queria "salvar" seu grupo, ameaçado de absorção pelo exército oficial.
- Demandas abandonadas -
Ainda nesta terça, O Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia anunciou a retirada das acusações contra o grupo Wagner por "rebelião armada", um sinal de possível acordo entre Prigozhin e o Kremlin.
Após a rebelião abortada do grupo Wagner, que, segundos muitos analistas, mostram as fragilidades do regime de Putin, o líder da Guarda Nacional russa, uma das formações responsáveis pela segurança do Estado, anunciou que, a partir de agora, estará equipada com tanques.
Apesar de Putin ter dito, nesta terça feira, que "não tivemos que retirar as unidades de combate da região da operação militar especial", alguns analistas também acreditam que essa crise pode enfraquecer as forças russas na Ucrânia.
Segundo o opositor russo preso Alexei Navalny, a rebelião do grupo Wagner demonstra que o poder de Putin é uma "ameaça à Rússia". "É tão perigoso para o país que inclusive seu inevitável colapso representa uma ameaça de guerra civil", disse Navalny no Twitter.
O conflito prossegue e o enviado do papa Francisco para a paz na Ucrânia, o cardeal Matteo Zuppi, visitará Moscou na quarta e quinta-feira, segundo o Vaticano.
D.Bruno--PV