Pallade Veneta - Suprema Corte dos EUA decide contra cantora assediada no Facebook

Suprema Corte dos EUA decide contra cantora assediada no Facebook


Suprema Corte dos EUA decide contra cantora assediada no Facebook
Suprema Corte dos EUA decide contra cantora assediada no Facebook / foto: Stefani Reynolds - AFP

A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que o assédio online de um homem a uma cantora country apenas poderia ser considerado ameaçador se ele tivesse consciência de seu impacto na destinatária.

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A mais alta instância judicial do país anulou a condenação imposta a Billy Counterman, no Colorado (oeste), por milhares de mensagens enviadas através do Facebook à cantora Coles Whalen entre 2014 e 2016.

A Primeira Emenda, que garante a liberdade de expressão, "não protege" as "ameaças reais de violência" já que são "crimes que podem ser puníveis", lembrou a magistrada Elena Kagan. Mas o acusado deve "estar consciente da natureza ameaçadora de suas declarações", afirmou.

Não é preciso provar que o acusado "tinha a intenção" de ameaçar, mas sim, que "ignorou conscientemente um risco substancial de que suas comunicações pudessem ser percebidas como ameaças violentas", estimou o tribunal, que pediu a reabertura do caso de Billy Counterman.

Entre 2014 e 2016, este habitante do Colorado enviou milhares de mensagens à cantora nas quais dizia, por exemplo, "morra, não preciso de você", e abria novas contas cada vez que ela o bloqueava.

Segundo os advogados da cantora, estas mensagens "oscilavam entre o estranho, o insensato, o agressivo e o ameaçador" e "sua hostilidade aumentava com o tempo".

A jovem começou a ficar assustada e cancelar shows. "Me apavorava a ideia de que me seguissem ou me atacassem, não tive outra saída a não ser dar uma pausa em minha carreira", explicou em um comunicado.

Em 2016, ela prestou queixa e Billy Counterman, que já havia sido processado por assédio, foi detido.

Ele foi condenado a quatro anos e meio de prisão, mas recorreu invocando a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos.

Billy Counterman "sofre de uma doença mental e acreditou que (a cantora) se corresponderia com ele através de outros sites na internet. Não entendeu que estava a ameaçando e não era sua intenção fazê-lo", alegaram seus advogados.

Associações de jornalistas e grupos de defesa dos direitos civis, como a influente ACLU, ficaram ao lado de Counterman por temerem riscos de "perseguição sem fundamento" e de "censura" se os tribunais se limitassem a considerar os sentimentos dos destinatários das mensagens.

As associações de luta contra a violência doméstica alertaram, por outro lado, que esta interpretação da lei pode dificultar a proteção das vítimas.

Durante a audiência judicial, o representante do Colorado afirmou que 90% dos feminicídios foram precedidos por episódios de assédio online.

J.Lubrano--PV