Ucrânia anuncia detenção de 'coordenador' do bombardeio russo contra restaurante
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, informou, nesta quarta-feira (28), que os serviços de segurança detiveram o "coordenador" do bombardeio russo contra um restaurante na cidade de Kramatorsk (leste), que deixou 11 mortos e 60 feridos na véspera, e provocou uma onda de indignação internacional.
"Quem ajudar os terroristas russos a destruir vidas merece a pena máxima", advertiu o presidente ucraniano, para quem "ainda pode haver gente sob os escombros".
O ministério russo da Defesa informou ter bombardeado um "ponto de dispersão temporária" da 56ª brigada de infantaria mecanizada das forças armadas ucranianas.
Um porta-voz do Kremlin destacou, ainda, que desde o início da ofensiva na Ucrânia, em fevereiro de 2022, as tropas russas "não atacam infraestruturas civis", mas "instalações ligadas de uma forma ou de outra a infraestruturas militares".
Entre os mortos no bombardeio da pizzaria Ria Pizza há três menores. O estabelecimento era um local frequentado por soldados, jornalistas e pessoal humanitário em Kramatorsk, último grande centro urbano sob controle das autoridades ucranianas no leste do país.
- Petro denuncia ataque russo -
Três colombianos que estavam no local sofreram ferimentos leves, entre eles o escritor Héctor Abad Faciolince e o ex-delegado de paz Sergio Jaramillo.
Com o grupo estava a escritora ucraniana Victoria Amelina que, segundo os colombianos, "se encontra em estado crítico por uma lesão na cabeça, provavelmente por causa dos vidros e escombros que voaram pelos ares".
"A Rússia atacou três civis colombianos indefesos", tuitou Petro, que acusou Moscou de "violar os protocolos de guerra" e ordenou ao seu ministério das Relações Exteriores o envio de uma "nota diplomática de protesto".
O presidente colombiano tinha se abstido até então de condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, assim como dezenas de dirigentes de países emergentes que tanto Moscou quanto Kiev querem atrair para sua causa.
- Para Biden, Putin é "um pária" -
A rebelião chegou ao fim com a mediação do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que acolheu em seu país o líder do grupo Wagner, Yevgueni Prigozhin.
O presidente americano, Joe Biden, disse que Putin se tornou um "pária", que está "perdendo" a guerra na Ucrânia, mas que ainda é prematuro dizer se está fragilizado pelo levante abortado do grupo Wagner.
O chefe do governo alemão, Olaf Scholz, ao contrário, acredita que o poder de Putin foi diminuído por este levante.
"Acredito que [Putin] está enfraquecido porque mostra que as estruturas autocráticas e as estruturas de poder estão rachadas e não está posicionado tão firmemente como diz em todas as partes", disse Scholz à televisão pública ARD.
Esse panorama, no entanto, não é tranquilizador.
"A Rússia é uma potência nuclear, é um país muito poderoso, por isso devemos estar sempre atentos a situações perigosas, e esta foi uma situação perigosa", acrescentou Scholz.
A Polônia, por sua vez, expressou preocupação com a presença de homens do grupo Wagner em Bearus, um país aliado da Rússia e fronteiriço com os países do flanco leste da Otan.
Putin informou que os combatentes do Wagner poderiam voltar para suas casas, se unir ao exército ou se instalar em Belarus.
"Para que realmente servem as forças do grupo Wagner, tanto faz dizer do exército russo, precisamente em Belarus?", perguntou-se o presidente polonês, Andrzej Duda.
"Vão ter a missão de ocupar Belarus ou de criar uma ameaça suplementar a partir do norte contra a Ucrânia (...) Ou é uma forma de ameaça potencial precisamente contra nossos países da Otan, contra a Polônia?", prosseguiu.
O secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, considerou ser cedo demais para tirar conclusões sobre a partida de Prigozhin para Belarus, mas assegurou que a Otan está pronta para defender seus países-membros.
"Enviamos uma mensagem clara a Moscou e a Minsk de que a Otan está ali para proteger cada aliado e cada parcela do território da Otan", acrescentou.
- Devastação em Kramatorsk -
Além do restaurante, o ataque causou danos a apartamentos, comércios, veículos, uma agência dos correios e outros prédios de Kramatorsk.
Localizada a oeste da cidade devastada de Bakhmut, palco da batalha mais longa e sangrenta desta guerra, Kramatorsk tem sido atingida por vários bombardeios russos.
O mais mortal ocorreu na estação ferroviária da cidade em abril de 2022, que deixou 61 mortos e mais de 160 feridos poucas semanas depois do início da invasão russa, quando muitos civis tentavam deixar o local.
Kramatorsk, uma importante interseção ferroviária, é a capital regional de fato desde que as cidades de Donetsk e Lugansk foram tomadas em 2014 por separatistas pró-russos, apoiados por Moscou.
M.Romero--PV