Otan oferecerá 'mensagem clara' à Ucrânia sobre adesão
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) inicia nesta terça-feira (11) na Lituânia uma reunião de cúpula de dois dias na qual pretende definir uma "mensagem clara" sobre a adesão da Ucrânia, que pressiona para ser admitida na aliança militar.
"Vamos enviar uma mensagem clara, uma mensagem positiva, sobre o caminho que temos pela frente", declarou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
Alguns minutos antes, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou que a Otan definirá durante um "caminho" para a entrada da Ucrânia, mas sem estabelecer um calendário preciso.
As demandas de Ucrânia para obter um roteiro definido sobre sua adesão à Otan - após o fim da guerra com a Rússia - representam o ponto central do encontro de cúpula de líderes da aliança militar.
Moscou criticou o encontrou de Vilnius, a capital lituana, e afirmou que a reunião, que o Kremlin acompanha "de perto", tem "um forte caráter anti-Rússia".
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, insistiu com a pressão e criticou a "incerteza e a fraqueza" da Otan a respeito da adesão de seu país.
Ele afirmou que a atitude da aliança reforça o "terrorismo" russo.
Desta maneira, Zelensky elevou o tom, depois de afirmar na segunda-feira que a "Ucrânia merece estar na aliança", antes de admitir que "agora não, porque agora há a guerra".
Apesar das divergências internas sobre o tema, a Otan pretende demonstrar unidade em seu apoio a Kiev.
Os países do leste da aliança pressionam para que a Ucrânia obtenha um compromisso explícito sobre os prazos de adesão, mas as principais nações da Otan relutam em avançar além da promessa de que a Ucrânia um dia será membro da aliança.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou na semana passada que a adesão da Ucrânia não deve acontecer agora, devido à falta de consenso na aliança e pelos riscos de aceitar um país em guerra.
A Otan, no entanto, parece disposta a oferecer uma alternativa à Ucrânia, com a eliminação de um requisito fundamental, o de completar um programa de reformas para ingressar na aliança.
Um grupo de países da Otan, neste cenário, negocia compromissos de longo prazo para fornecer armas à Ucrânia.
O envio de armamento não atende o desejo de Zelensky de ter o país sob o guarda-chuva de defesa coletiva da Otan, mas pode assegurar a continuidade da resistência à invasão russa.
Ao chegar à sede da reunião, o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou que o país fornecerá à Ucrânia mísseis SCALP de longo alcance (250 km), capazes de "atacar em profundidade".
O Kremlin não demorou a prometer uma resposta ao anúncio francês, que chamou de "erro".
Ao mesmo tempo, o ministério da Defesa da Alemanha anunciou o envio de uma nova ajuda militar à Ucrânia no valor de 700 milhões de euros (770 milhões de dólares, R$ 3,75 bilhões).
A Alemanha entregará dois lançadores para o sistema de defesa antiaérea Patriot, 40 veículos blindados do tipo Marder e 25 tanques Leopard 1 A5, além de 20.000 projéteis de artilharia, informou o ministério.
- Sobressalto e alívio -
Foi justamente a possibilidade de adesão da Ucrânia à Otan que desencadeou a instabilidade com a Rússia, já que Moscou alegou durante anos que a medida seria considerada uma ameaça existencial.
Além da discussão sobre a Ucrânia, os líderes da Otan deverão definir e adotar um novo plano estratégico regional para proteger o bloco de um potencial ataque.
Eles também devem discutir sobre os polêmicos níveis dos gastos de defesa. A ideia da Otan é transformar em um objetivo maior a meta de que cada país membro deve investir 2% do PIB em defesa, com a mudança da meta para investimentos de "pelo menos" 2%.
Na véspera da reunião, a Otan viveu um sobressalto seguido de um alívio, depois que a Turquia decidiu retirar o veto que havia imposto à adesão da Suécia à aliança militar.
O último obstáculo que resta para a entrada da Suécia na Otan é o veto da Hungria, mas o ministro das Relações Exteriores de Budapeste, Peter Szijarto, disse nesta terça-feira que uma solução para o caso agora é apenas uma "questão técnica".
O Kremlin reagiu e afirmou que a adesão da Suécia à Otan terá "consequências negativas" para a segurança da Rússia.
F.M.Ferrentino--PV