Cúpula entre UE e Celac 'não vai ser fácil', antecipa chanceler do México
A próxima cúpula entre a América Latina e a União Europeia (UE), que será realizada na próxima semana em Bruxelas, após oito anos de interrupção, "não será fácil", disse a chanceler mexicana, Alicia Bárcena, nesta sexta-feira (14).
"Há temas concretos e ao menos difíceis", apontou a ministra durante um encontro com jornalistas.
"Encontramos pontos de consenso. Temos uma declaração que ainda está sendo negociada", acrescentou Bárcena, que participará representando o presidente de esquerda Andrés Manuel López Obrador, pouco afeito a viajar ao exterior.
Entre os temas espinhosos, Bárcena citou uma recente resolução do Parlamento Europeu sobre Cuba.
Tal decisão pede para a UE adotar sanções contra os responsáveis por persistentes violações contra os direitos humanos em Cuba, incluindo o presidente Miguel Díaz-Canel, segundo o texto.
O voto dos eurodeputados foi criticado "energicamente" na quarta-feira pelo Congresso cubano.
"Esperamos que não haja nenhum problema. De fato, estamos negociando neste momento para que se possa incluir na declaração um parágrafo contra o bloqueio", afirmou a chanceler.
O México é um dos países latino-americanos que exigem a suspensão do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos à ilha desde os anos 1960.
Bárcena também confirmou uma recente reunião com o embaixador da Espanha, país que ocupa a Presidência rotativa da UE, além de ser um dos principais parceiros econômicos do México.
O presidente López Obrador, no entanto, decretou unilateralmente "uma pausa" - sem dar maiores detalhes - na relação com Madri.
"Não quer dizer que já saímos do que o presidente chama de pausa", acrescentou Bárcena.
A chanceler também reconheceu que as rusgas diplomáticas com o Peru continuam, depois que López Obrador não reconheceu a presidente Dina Boluarte, a quem tacha de "usurpadora" por ter substituído o ex-mandatário Pedro Castillo, destituído e preso desde dezembro após tentar dissolver o Congresso e governar por decreto.
O Parlamento peruano declarou López Obrador "pessoa não grata" e anteriormente havia expulsado o embaixador mexicano em Lima.
"Esperamos que os espaços de integração como a Aliança do Pacífico e a Celac", a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, permitam superar o problema bilateral, comentou Bárcena.
Também informou que aproveitará a cúpula para se reunir com os presidentes do Brasil, Colômbia e Argentina e "estreitar os vínculos".
Os 27 países da UE e os 33 da Celac se reunirão na segunda e terça-feira em Bruxelas pela primeira vez desde 2015.
A.Tucciarone--PV