Pedro Sánchez confia em 'virada' para ultrapassar direita neste domingo na Espanha
No poder há cinco anos, o presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, tenta dar um último empurrão em sua campanha para desmentir as pesquisas que preveem uma vitória da direita nas eleições legislativas de domingo (23).
"Meu diagnóstico particular é que o Partido Popular (PP, conservadores) está por baixo e que o Partido Socialista está voltando", disse Sánchez na manhã desta sexta-feira (21) em entrevista na televisão pública.
Sánchez defendeu sua gestão, com números econômicos positivos, como o "argumento principal" para convencer os eleitores ainda indecisos, 20% do eleitorado, segundo as estimativas.
Mas, embora o líder socialista confie em uma "virada" para "ganhar as eleições", as pesquisas ainda mostram que o PP, de Alberto Núñez Feijóo, é o favorito para vencer essas eleições legislativas antecipadas, convocadas por Sánchez após o fracasso da esquerda nas eleições municipais de maio.
As pesquisas mostram, porém, que o PP não conseguirá a maioria absoluta necessária para formar um Executivo, por isso poderá ser forçado a se aliar ao partido ultranacionalista Vox, em um país onde a extrema direita não governa desde o fim da ditadura de Francisco Franco, em 1975.
Também não se descarta a possibilidade de um bloqueio, caso não haja maioria viável nem à direita nem à esquerda, o que levaria o país a novas eleições. A Espanha já viveu esse cenário de instabilidade em 2015 e 2019, quando as eleições tiveram que ser repetidas.
Com exceção de Núñez Feijóo, que realizará seu último comício na Galiza (noroeste), sua região natal onde construiu sua carreira política, os três principais candidatos - Sánchez e os líderes da extrema esquerda, Yolanda Díaz, e da extrema direita, Santiago Abascal -, encerram sua campanha em Madri nesta sexta-feira, antes do dia de "reflexão" para os eleitores no sábado.
- Traficante -
Queimando seus últimos cartuchos, o presidente do governo levantou o tom contra Núñez Feijóo por sua relação com um conhecido narcotraficante, Marcial Dorado.
Zombando do argumento do seu rival, que afirmou que no momento em que conheceu Dorado não existia Google, então era difícil saber o que ele fazia, Sánchez considerou na quinta-feira que Núñez Feijóo "perdeu uma oportunidade de esclarecer realmente a sua relação com este narcotraficante".
"Não esperava, nada mais e nada menos, que o presidente do governo usasse este lixo para tentar desacreditar o adversário", respondeu nesta sexta-feira na rádio COPE o líder conservador, de quem a imprensa tem divulgado fotos de meados dos anos 1990 ao lado de Dorado, uma delas em um iate do traficante galego.
- "Movimento de mudança" -
O PP, afastado do poder em 2018 por uma moção de censura no Congresso liderada por Sánchez, acredita que chegou a hora de voltar a governar.
"Percebo um movimento de mudança" no país, disse Núñez Feijóo em entrevista ao jornal El Mundo. Seu slogan de campanha é "revogar o sanchismo", ou seja, reverter muitas das leis promovidas pelo governo de coalizão dos socialistas com a extrema esquerda.
Núñez Feijóo, que se recusou a participar de um debate televisionado com os outros candidatos na quarta-feira, o que lhe rendeu críticas, também sofreu um revés com a questão da aposentadoria, um tema muito sensível na opinião pública.
O PP também sofreu desgaste durante a campanha devido às negociações com o Vox para formar governos municipais e regionais, nas quais a extrema direita conseguiu impor algumas de suas prioridades, como a negação da "violência de gênero" e a supressão de cargos para combater as mudanças climáticas.
Nestas eleições gerais, que pela primeira vez ocorrerão no verão espanhol, cerca de 2,5 milhões de pessoas decidiram votar por correio, um número sem precedentes, o que para as pesquisas é um sinal de que a participação pode ser alta, apesar do calor e do fato de muitos espanhóis estarem de férias.
N.Tartaglione--PV