Biden recebe primeira-ministra italiana para falar sobre Ucrânia e China
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebeu, nesta quinta-feira (27), a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e elogiou seu firme apoio aos esforços ocidentais para ajudar a Ucrânia contra a invasão russa, deixando de lado qualquer reprimenda ao seu governo de extrema direita.
Biden disse que Meloni também havia proporcionado "um apoio muito firme na defesa contra as atrocidades russas".
A primeira-ministra italiana, que se reuniu com Biden no Salão Oval da Casa Branca, disse estar "orgulhosa" das ações da Itália para apoiar a Ucrânia.
"Sabemos quem são os nossos amigos em tempos difíceis e acredito que as nações ocidentais demonstraram que podem confiar umas nas outras muito mais do que alguns acreditavam", apontou.
"Apoiar a Ucrânia significa defender a coexistência pacífica de pessoas e Estados em todo o mundo. Contrariamente ao que alguns dizem, a resistência ucraniana distancia uma guerra mundial, não a acelera, como alguns dizem", completou Meloni.
A Casa Branca deixou de lado as controvérsias sobre a política doméstica de Meloni, centrando-se, ao invés disso, no papel que a Itália desempenha como membro-chave da Otan e do G7, que o país europeu presidirá em 2024.
Biden assegurou que o comércio entre os EUA e a Itália alcançou os 100 bilhões de dólares (R$ 516 bilhões na cotação da época) no ano passado e que "não há razão para que não possa aumentar".
- "Seja amável" -
Na última quarta-feira, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse aos jornalistas que Biden havia esperado "bastante" pela visita e descartou qualquer controvérsia sobre as políticas de Meloni.
Funcionários americanos consideram que a primeira-ministra italiana tem moderado seu discurso e ações desde que chegou ao poder e surpreendeu a muitos com sua firme postura de apoio à Ucrânia ante a Rússia. Vladimir Putin era um grande amigo do falecido e longevo ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi.
Perguntado pela opinião de Biden sobre a extrema direita na Itália, Kirby disse: "O povo italiano pode decidir qual é seu governo, é uma democracia. O presidente o respeita".
A Casa Branca também deixou de lado as tensões sobre o espinhoso tema da China.
Em geral, os países europeus e Washington concordam que chegou o momento de reduzir a perigosa dependência em relação a Pequim. No entanto, há menos concordância sobre os detalhes de até onde chegar e qual risco econômico que se pode tolerar.
Em particular, pressionou Meloni para que retire a Itália da iniciativa chinesa "Belt and Road", um plano de investimento em infraestrutura de um bilhão de dólares (quase R$ 5 bilhões de reais) que Pequim tem utilizado para conquistar influência em todo o mundo, sobretudo em países que passam por dificuldades econômicas.
Kirby não quis confirmar se tratariam desse tema e se limitou a dizer que, "sem dúvida", falarão das "preocupações, perspectivas e desafios compartilhados em relação" à China.
O vínculo dos Estados Unidos com a Itália está garantido por uma importante presença militar, com aproximadamente 30.000 americanos - membros das forças armadas e seus familiares - em cinco bases no país.
Meloni afirmou que a longa história da imigração italiana para os Estados Unidos também reforça os laços entre as duas nações, o que fez da Itália uma parte "integral" da estrutura americana.
Referindo-se ao próximo papel de Meloni como anfitriã da cúpula do G7 do ano que vem, Biden brincou: "Espero que você seja amável comigo".
T.Galgano--PV