Pallade Veneta - Apesar da Ucrânia, Rússia ainda tem vários apoiadores

Apesar da Ucrânia, Rússia ainda tem vários apoiadores


Apesar da Ucrânia, Rússia ainda tem vários apoiadores
Apesar da Ucrânia, Rússia ainda tem vários apoiadores / foto: Mikhail TERESHCHENKO - TASS Host Photo Agency/AFP

Apesar da ofensiva na Ucrânia e dos esforços das potências ocidentais para isolá-la, a Rússia pode contar com o apoio de vários países africanos, sul-americanos e asiáticos, incluindo o gigante chinês.

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De pé, com o olhar fixo, mas visivelmente satisfeito, Vladimir Putin apareceu na sexta-feira rodeado por cerca de quinze chefes de Estado africanos em São Petersburgo, durante a segunda cúpula Rússia-África. Que mensagem essa foto de família passa? Que Moscou espera trabalhar "de mãos dadas" com o continente de mais de 1 bilhão de habitantes.

"A atenção da Rússia para a África não para de crescer", disse Putin, afirmando que deseja "construir uma parceria estratégica" com o continente, com o qual a União Soviética já estabeleceu relações sólidas.

Em seu discurso de encerramento, Putin destacou "o compromisso de todos os nossos países com a construção de uma ordem mundial multipolar mais justa, equilibrada e sustentável".

Na véspera, o presidente russo havia recorrido à "diplomacia dos grãos" ao prometer entregar grãos gratuitamente a seis países africanos, em um contexto de preocupação após a saída de Moscou de um acordo que permitia a exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro.

Mas a operação de sedução do presidente em relação à África começou muito antes do conflito na Ucrânia.

Há anos, a Rússia realiza atividades diplomáticas e econômicas no continente, oferecendo serviços de segurança - por meio do grupo paramilitar Wagner - a países vítimas da ameaça jihadista.

Nos últimos meses, o Kremlin teve que buscar alternativas para seus parceiros europeus históricos. O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, fez duas viagens africanas até agora este ano, apresentando seu país como um escudo contra o "imperialismo" e o "neocolonialismo" ocidentais.

- Oposição ao Ocidente -

Moscou também conta com o apoio de vários líderes sul-americanos e asiáticos, alguns criticados por seu autoritarismo.

Aliados históricos da Rússia, como Venezuela e Cuba, se recusaram a condenar a ofensiva russa na Ucrânia durante a primeira cúpula entre América Latina e União Europeia, realizada em Bruxelas em julho.

Na declaração conjunta, os líderes se limitaram a expressar sua "profunda preocupação com a guerra em curso contra a Ucrânia", sem mencionar Moscou. Mas nem mesmo essa formulação foi apoiada por todos: a Nicarágua recusou-se a associar-se a ela.

E sem chegar a apoiar Moscou, o Brasil de Luiz Inácio Lula da Silva recusou-se a fornecer armas para a Ucrânia ou impor sanções contra a Rússia, exortando europeus e americanos a pararem de "promover a guerra".

"O isolamento [russo] é uma construção inventada no Ocidente", disse à AFP Fyodor Lukyanov, um cientista político próximo aos círculos de poder russos.

Segundo ele, "a Rússia é vista como um país que pode estar certo ou errado, mas é um país que se opõe ao Ocidente".

"E no novo cenário internacional, esse posicionamento é muito mais eficaz e atraente do que se imagina", destacou.

F.Dodaro--PV