Israel e Hamas fazem gestos para retomada de negociações sobre Gaza
Israel e o Hamas deram sinais nesta quinta-feira de uma abertura para a retomada das negociações sobre um cessar-fogo na Faixa de Gaza, uma semana após a morte de Yahya Sinwar, líder do movimento islamita.
O governo de Israel anunciou que o chefe do seu serviço de inteligência exterior viajará a Doha em busca de um acordo para libertar os reféns detidos pelo Hamas na Faixa de Gaza. Em seguida, o movimento palestino informou a mediadores egípcios que está disposto a cessar os combates no território se Israel se comprometer com um cessar-fogo, informou à AFP uma autoridade do grupo.
"Israel deve se comprometer com um cessar-fogo, a retirada da Faixa de Gaza, permitir o retorno dos deslocados, aceitar um acordo sério de troca de prisioneiros e permitir a entrada de ajuda humanitária no território", disse a fonte.
No começo do mês, Israel intensificou suas operações na Faixa de Gaza, principalmente com uma nova ofensiva no norte daquele território. "Há mais de 770 mortos desde o início da operação militar, e ainda há vítimas sob os escombros e nas ruas", disse à AFP o porta-voz da Defesa Civil da Faixa de Gaza, Mahmud Basal.
O território palestino, governado pelo Hamas desde 2007, é palco há um ano de um conflito que já deixou 42.847 mortos, em sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.
O conflito eclodiu em 7 de outubro de 2023, quando milicianos islamistas mataram 1.206 pessoas, em sua maioria civis, e sequestraram 251, no sul de Israel, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelenses que inclui os reféns mortos em cativeiro em Gaza.
Dos 251 reféns, 97 permanecem cativos, embora 34 deles tenham sido declarados mortos pelo Exército. Em novembro de 2023, uma trégua de uma semana permitiu a liberação de 105 reféns em troca de 240 palestinos aprisionados em Israel.
- Contatos retomados -
A morte de Sinwar durante uma operação israelense em Rafah no último dia 16 reacendeu a esperança de que as conversas para um cessar-fogo fossem retomadas.
Os mediadores Catar, Estados Unidos e Egito reataram "o contato" com o Hamas após a morte de Sinwar, indicou o primeiro-ministro catari, Mohammed bin Abdelrahmane Al Thani.
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, afirmou que Washington está considerando "diferentes opções" para pôr fim à guerra em Gaza.
O Departamento de Estado anunciou também que Blinken se reunirá amanhã em Londres com o premier libanês, Najib Mikati, para discutir a ofensiva israelense contra o Hezbollah no país.
A principal associação de familiares de reféns mantidos na Faixa de Gaza pediu hoje ao primeiro-ministro israelense que chegue a um acordo com o Hamas para libertar os sequestrados.
O chefe da ONU, Antonio Guterres, pediu um cessar-fogo urgente e a libertação dos reféns, e alertou que “a situação humanitária no norte da Faixa de Gaza é a pior" desde o começo do conflito.
- Novos bombardeios no Líbano -
Paralelamente, Israel prosseguia com sua ofensiva contra o Líbano. A imprensa estatal libanesa relatou nesta sexta-feira (25) a morte de três jornalistas em um ataque aéreo ocorrido durante a noite no leste daquele país.
“Nosso correspondente em Zahle reportou a morte de três jornalistas em um ataque israelense a Hasbaya”, informou a Agência Nacional de Notícias do Líbano. “Aviões de combate israelenses atacaram às 3h30 locais a fronteira entre o Líbano e a Síria."
Bombardeios de Israel também mataram nesta quinta-feira 12 pessoas, entre elas três crianças, em dois vilarejos do leste, segundo o Ministério da Saúde libanês. Durante a noite, houve ataques, ainda, contra o subúrbio no sul de Beirute, um reduto do Hezbollah, após um chamado de evacuação emitido pelo Exército israelense.
A AFPTV registrou colunas de fumaça naquele setor e jornalistas da agência ouviram duas explosões. "A aviação militar inimiga efetuou dois bombardeios no setor de Haret Hreik", no sul da capital, informou a agência de notícias oficial libanesa NNA.
A ofensiva israelense contra o Hezbollah inclui operações terrestres no sul do Líbano, onde cinco soldados morreram em combate, informou hoje o Exército de Israel.
Desde o início da ofensiva terrestre, em 30 de setembro, 27 soldados israelenses perderam a vida no Líbano, de acordo com um balanço estabelecido pela AFP.
O objetivo declarado dessas operações é permitir o retorno de 60.000 habitantes do norte de Israel forçados a partir pelos constantes disparos de foguetes do sul do Líbano no último ano.
Segundo um levantamento baseado em dados oficiais, ao menos 1.552 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro. E a ONU já contabiliza quase 800.000 deslocados no país.
Embora esteja enfraquecido, o Hezbollah continua lançando foguetes contra o norte de Israel. O grupo xiita anunciou ter feito disparos contra uma base militar perto de Haifa e contra a cidade de Safed.
H.Ercolani--PV