Biden pede perdão por atrocidades cometidas em internatos para nativos americanos
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um pedido histórico de desculpas, nesta sexta-feira (25), pelas atrocidades cometidas durante mais de um século com o sequestro de milhares de crianças indígenas, que foram colocadas pelo Estado em internatos onde sofreram maus-tratos e apagamento cultural.
"Formalmente me desculpo, como presidente dos Estados Unidos, pelo que fizemos", disse Biden ao se referir a um dos "capítulos mais sombrios" do país durante um discurso na comunidade indígena Gila River em Laveen Village, no estado do Arizona.
Entre o começo dos anos 1800 e a década de 1970, os Estados Unidos administraram centenas de internatos em todo o país para que as crianças indígenas passassem por uma adaptação forçada à cultura dos colonos europeus, incluindo sua conversão ao cristianismo.
Esses internatos são "um pecado em nossas almas", afirmou o presidente.
Um informe governamental recente revelou casos de abusos psicológicos, físicos e sexuais, incluindo a morte de cerca de mil menores.
"Sei que nenhum pedido de desculpas pode ou poderá compensar o que se perdeu durante a mais obscura política de internatos federais", disse Biden. Mas "hoje finalmente avançamos para a luz".
O presidente esteve acompanhado da secretária do Interior, Deb Haaland, a primeira indígena americana a assumir o comando de uma secretaria, o equivalente a um ministério.
As autoridades federais "fracassaram em aniquilar nossas línguas, nossas tradições, nossos modos de vida", disse Haaland. Apesar "de tudo o que aconteceu, continuamos aqui".
Durante mais de 150 anos, foram registradas mais de 400 escolas, frequentemente dirigidas pela Igreja, nos 37 estados ou territórios que integravam os Estados Unidos.
O governo Biden fez investimentos significativos em comunidades indígenas americanas para ampliar a autonomia dos povos e a designação de monumentos para proteger locais sagrados ancestrais.
O pedido de desculpas do Estado americano ocorre depois de declarações formais no Canadá, onde milhares de crianças morreram em internatos similares, e de cada vez mais países reconhecerem os abusos cometidos contra populações indígenas.
A.Fallone--PV