Emissário dos EUA chega ao Líbano para discutir trégua entre Israel e Hezbollah
O emissário americano Amos Hochstein chegou à capital libanesa nesta terça-feira (19) para discutir um plano de trégua, bem recebido pelo Líbano, para acabar com a guerra entre Israel e o movimento pró-iraniano Hezbollah.
Os Estados Unidos e a França lideraram os esforços para um cessar-fogo nessa guerra, que se intensificou após quase um ano de hostilidades entre os dois lados.
Israel ampliou o foco das suas operações da Faixa de Gaza para o Líbano em setembro, procurando garantir a segurança da sua fronteira norte para permitir que milhares de pessoas deslocadas pelos combates voltem para casa.
Desde o início dos confrontos, com os ataques do Hezbollah contra Israel, mais de 3.510 pessoas morreram no Líbano, segundo as autoridades daquele país, a grande maioria desde o final de setembro.
O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a agência da ONU para a infância, afirma que mais de 200 crianças morreram na guerra entre Israel e o Hezbollah no Líbano, uma média de "mais de três" por dia.
Uma fonte libanesa que acompanhou as discussões sobre a trégua disse, nesta terça-feira, que o seu governo "vê muito favoravelmente" o plano.
Outro funcionário afirmou que o Líbano "aguarda a chegada do enviado especial dos EUA Amos Hochstein para rever alguns pontos pendentes com ele".
No entanto, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, indicou na segunda-feira que Israel continuará realizando operações militares contra o Hezbollah, mesmo que seja alcançada uma trégua.
"O mais importante não é (o acordo que) está no papel", disse Netanyahu ao Parlamento. "Seremos obrigados a garantir a nossa segurança no norte (de Israel) e a realizar sistematicamente operações contra os ataques do Hezbollah (...), mesmo depois de um cessar-fogo, para impedir a reconstrução do grupo", afirmou.
Segundo Netanyahu, não há provas de que o Hezbollah respeitará uma trégua.
- Mortes no Líbano e em Israel -
O Hezbollah iniciou a sua campanha contra Israel em apoio ao seu aliado palestino Hamas após os ataques de 7 de outubro de 2023, os mais mortais da história de Israel.
A ação do Hamas deixou 1.206 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, território governado pelo Hamas, 43.972 pessoas morreram na Faixa, a maioria civis. A ONU considera estes números confiáveis.
Em setembro, Israel intensificou os bombardeios no Líbano, principalmente contra redutos do Hezbollah, embora também tenha bombardeado fora de áreas controladas por esse grupo.
Nas últimas semanas, atacou áreas de Beirute onde se refugiam pessoas que fugiram dos principais redutos do Hezbollah ao sul da capital.
Israel também enviou tropas terrestres para o Líbano, enquanto o Hezbollah continua lançando projéteis quase diariamente contra Israel.
O Exército israelense afirmou, na segunda-feira, que o Hezbollah disparou cerca de 100 projéteis contra o norte de Israel, alguns dos quais foram interceptados por sua defesa aérea.
Em Shafram, a leste de Haifa, onde o Hezbollah costuma atacar, um foguete atingiu um prédio e matou uma mulher, segundo os serviços de emergência.
Por sua vez, o Hezbollah disse que lançou "ataques com drones" contra "pontos militares sensíveis (...) na cidade de Tel Aviv" e que derrubou um drone israelense no sul do Líbano.
- Cessar-fogo "completo" -
Enquanto isso, os líderes do G20 reunidos no Brasil pediram, na segunda-feira, a um cessar-fogo "completo" tanto em Gaza como no Líbano.
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, afirmou que os Estados Unidos compartilharam com Líbano e Israel as suas propostas para alcançar essa trégua.
"Houve uma troca de ideias sobre o que acreditamos ser do interesse de todos, que é a plena implementação da resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, e vamos continuar com esse processo", disse ele.
Nos termos da resolução 1701, que pôs fim à guerra de 2006 entre o Hezbollah e Israel, o Exército libanês e as forças de manutenção da paz da ONU devem ser as únicas forças armadas no sul do Líbano, onde o Hezbollah opera.
Também apela a Israel para retirar as suas tropas do Líbano.
Um funcionário libanês explicou que a proposta dos EUA inclui "13 pontos em cinco páginas".
Ele indicou que se um acordo for alcançado, Estados Unidos e França emitirão uma declaração conjunta, seguida por uma trégua de 60 dias durante a qual o Líbano enviará o seu exército para a zona fronteiriça com Israel.
U.Paccione--PV