Assembleia Geral da ONU vota cessar-fogo 'incondicional' em Gaza
A Assembleia Geral da ONU vota nesta quarta-feira (11) um projeto de resolução que busca um cessar-fogo imediato e incondicional em Gaza, um gesto simbólico depois que os Estados Unidos vetaram uma resolução para o mesmo efeito no Conselho de Segurança.
Além de pedir um “cessar-fogo imediato, incondicional e permanente”, o projeto de resolução busca “a libertação imediata e incondicional de todos os reféns”, uma acomodação dos EUA e de outros aliados israelenses.
O texto não vinculante também pede “acesso imediato” a uma ampla ajuda humanitária para os cidadãos de Gaza, que foram submetidos a mais de um ano de guerra com Israel, especialmente na região norte sitiada do território.
A guerra em Gaza foi desencadeada em 7 de outubro de 2023, após um ataque sem precedentes do grupo Hamas que resultou na morte de 1.208 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. O número inclui reféns que foram mortos ou morreram enquanto estavam em cativeiro em Gaza.
Durante o ataque, os membros do Hamas também sequestraram 251 pessoas, 96 das quais permanecem em Gaza, incluindo 34 que os militares afirmam terem sido mortas.
As operações militares de retaliação israelense em Gaza mataram pelo menos 44.786 pessoas, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território e considerados confiáveis pela ONU.
- “Coração sangrando da Palestina” -
“Gaza hoje é o coração sangrando da Palestina”, disse o embaixador palestino da ONU, Riyad Mansour, no primeiro debate da Assembleia sobre a resolução na semana passada.
“As imagens de nossas crianças em barracas em chamas, sem comida no estômago e sem esperança ou horizonte para o futuro, e tendo suportado dor e perda por mais de um ano, devem assombrar a consciência do mundo e levar à ação para acabar com esse pesadelo”, acrescentou, pedindo o fim da "impunidade".
Enquanto isso, Israel denunciou a resolução antes que ela fosse votada.
“Se você realmente quer a paz, ela começa com o desmantelamento dessa infraestrutura de ódio e glorificação do terror”, disse o embaixador israelense na ONU, Danny Danon, referindo-se à agência de ajuda aos refugiados palestinos da ONU (UNRWA), cujos funcionários Israel acusa de ajudar nos ataques de 7 de outubro.
O projeto de resolução busca abordar a “responsabilidade”, solicitando ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que apresente “propostas sobre como as Nações Unidas podem ajudar a promover a responsabilidade”.
Uma minuta anterior acessada pela AFP buscava a criação de um mecanismo internacional para ajudar a investigar e processar os responsáveis pelas violações da lei internacional contra os palestinos. No entanto, esse texto não está incluído na resolução que está sendo votada.
Um segundo projeto de resolução a ser votado na quarta-feira pedirá a Israel que respeite o mandato da UNRWA e permita que suas operações de “assistência humanitária segura e sem obstáculos” continuem após Israel, cujo Parlamento aprovou a proibição das “atividades da UNRWA em território israelense”.
A proibição, que entrou em vigor em 28 de janeiro, foi condenada em todo o mundo, inclusive pelos EUA, um dos principais apoiadores de Israel.
C.Grillo--PV