Pallade Veneta - Chancelarias estrangeiras estabelecem contato com novo poder sírio

Chancelarias estrangeiras estabelecem contato com novo poder sírio


Chancelarias estrangeiras estabelecem contato com novo poder sírio
Chancelarias estrangeiras estabelecem contato com novo poder sírio / foto: Bakr ALKASEM - AFP

Diversas chancelarias estrangeiras intensificaram, neste domingo (15), seus esforços para estabelecer contato com o novo governo islamista na Síria, uma semana após a queda de Bashar al Assad.

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O enviado da ONU para a Síria, Geir Pedersen, pediu neste domingo ajuda humanitária e para que se evitem atos de "vingança" após o colapso do regime de Assad, que foi deposto por uma aliança liderada por um grupo islamista.

"Devemos garantir que a Síria receba ajuda humanitária imediata para sua população e para todos os refugiados que desejam retornar", declarou Pedersen em Damasco, o primeiro representante de alto escalão da ONU a visitar o país desde que Assad fugiu para a Rússia.

Pedersen reuniu-se com Abu Mohammed al Jolani, líder do grupo islamista Hayat Tahrir al Sham (HTS), que encabeçou a coalizão rebelde responsável pela derrubada do regime em 8 de dezembro, conforme comunicado oficial.

Os rebeldes tomaram Damasco após uma ofensiva relâmpago de 11 dias.

Os novos líderes da Síria enfrentam agora o desafio de tranquilizar a comunidade internacional enquanto a população continua abalada por relatos de tortura e abusos sob o regime anterior.

Depois dos Estados Unidos no sábado, o ministro britânico de Relações Exteriores, David Lammy, afirmou neste domingo que o Reino Unido mantém "contatos diplomáticos" com o grupo islamista sírio HTS, que liderou a rebelião que depôs o presidente Bashar al Assad.

HTS é "uma organização terrorista proibida [no Reino Unido], mas podemos ter contatos diplomáticos, e, portanto, temos contatos diplomáticos", afirmou Lammy.

A França anunciou na terça-feira o envio de uma missão diplomática a Damasco, a primeira em 12 anos, para "estabelecer os primeiros contatos" com as novas autoridades.

A Turquia, que apoia as novas autoridades, reabriu no sábado sua embaixada após 12 anos de fechamento.

O Catar também anunciou, por meio de um comunicado de seu Ministério de Relações Exteriores, que sua embaixada retomará as operações na Síria na terça-feira, após 13 anos de fechamento.

Parte do pessoal diplomático russo em Damasco foi repatriada neste domingo para a Rússia, informou o Ministério de Relações Exteriores da Rússia.

O novo primeiro-ministro interino, Mohammed al Bashir, prometeu um "Estado de direito".

A maior preocupação é o passado jihadista do grupo sunita HTS (Organização para a Libertação do Levante).

Embora Al Jolani tenha se distanciado de organizações como a Al Qaeda, tenha abandonado o turbante, reformado sua longa barba e moderado seu discurso, o grupo continua classificado como uma organização "terrorista" por várias potências ocidentais, incluindo os Estados Unidos.

- EUA em contato com o HTS -

Pedersen pediu esta semana que a transição seja "inclusiva" para evitar uma "nova guerra civil" em um país multiétnico e multiconfessional.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, afirmou no sábado que Washington estabeleceu um "contato direto" com o HTS, em parte porque as autoridades querem localizar Austin Tice, um jornalista americano sequestrado em 2012 na Síria.

A queda de Assad impulsionou o retorno de muitos exilados devido ao conflito iniciado em 2011, quando o governo reprimiu uma onda de protestos pacíficos.

A guerra, que deixou mais de meio milhão de mortos, forçou milhões de pessoas a abandonar suas casas.

Pelo menos 7.600 sírios retornaram ao país vindos da Turquia entre 9 e 13 de dezembro, informaram as autoridades turcas.

O ministro da Defesa da Turquia, Yasar Güler, afirmou neste domingo que seu país está disposto a fornecer ajuda militar à Síria, caso o novo governo solicite.

O novo governo, enfatizou o ministro turco, comprometeu-se a "respeitar todas as instituições governamentais, as Nações Unidas e outras organizações internacionais".

- "Precisamos que o souk volte a funcionar" -

Com o retorno à normalidade, os sírios enfrentam um colapso econômico devido aos impactos de quase 14 anos de guerra e às sanções internacionais.

"Precisamos que o souk volte a funcionar rapidamente", disse Amjad Sanduq, um comerciante de Hamidiyé, na cidade velha de Damasco. "O regime caiu, mas o Estado não, graças a Deus".

Dezenas de estudantes com uniformes escolares voltaram às aulas no domingo na capital. Na entrada da Universidade de Damasco, dois estudantes hastearam a bandeira com três estrelas vermelhas, símbolo da oposição a Assad.

No entanto, os sírios também enfrentam relatos angustiantes, que ilustram a dura repressão sofrida pelo país durante o governo de Assad, no poder desde o ano 2000, sucedendo seu pai, Hafez.

Durante a ofensiva fulminante que começou em 27 de novembro, os rebeldes avançaram de seu bastião em Idlib até a capital.

No caminho, libertaram prisioneiros das cadeias, revelando que os detentos viviam em condições desumanas, sendo torturados e mantidos em celas subterrâneas, alguns por décadas.

Milhares de pessoas percorrem as prisões em todo o país em busca de informações sobre o paradeiro de familiares desaparecidos, com a esperança de encontrá-los vivos.

D.Bruno--PV