Opositor González Urrutia espera por 'nova era' na Venezuela com seu retorno em 10 de janeiro
O líder da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, que reivindica vitória nas eleições presidenciais realizadas em julho, aguarda o "início de uma nova era" com o seu anunciado retorno ao país em 10 de janeiro.
"Esperamos que esse dia marque o início de uma nova era, uma era democrática, na Venezuela", disse González Urrutia à AFP na sede do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo, onde recebeu nesta terça-feira o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento de 2024.
Este prêmio, a principal distinção da UE em matéria de direitos humanos, foi atribuído conjuntamente a González Urrutia e à líder María Corina Machado, que vive escondida no seu país desde as eleições de julho.
González Urrutia disse que aceita o prêmio "em nome do povo da Venezuela. Essas pessoas são as que realmente encarnam o espírito deste prêmio, em reconhecimento à corajosa luta que travam".
A vitória e reeleição de Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho foi fortemente questionada pela oposição, que afirma ter obtido mais de 67% dos votos.
O Parlamento Europeu reconhece González Urrutia como presidente eleito do seu país. A posse do novo presidente para o período 2025-2031 está marcada para 10 de janeiro, e González Urrutia prometeu comparecer para "assumir suas funções".
O líder, que se exilou na Espanha após ter sido alvo de uma ordem de prisão na Venezuela, não está preocupado com as consequências do seu retorno.
Diplomata de 75 anos, González Urrutia foi embaixador na Argentina entre 1998 e 2002, e nas eleições de julho deste ano foi candidato pela Plataforma Unitária, frente de oposição que reuniu 11 partidos políticos.
- "Seguiremos avançando" -
Machado foi representada na cerimônia por sua filha Ana Corina Sosa, e enviou um vídeo no qual recebe o prêmio.
"Aguardamos com expectativa o dia 10 de janeiro, data em que o nosso presidente eleito assumirá o poder", disse Sosa à AFP. Sua mãe estará com González Urrutia quando ele assumir suas funções, garantiu.
"É claro que estou com medo e preocupada com a segurança dela, mas estou confiante de que sairemos vitoriosos desta fase, que ela estará segura e que estarei ao seu lado muito em breve", disse Sosa.
"Diante de tudo o que o governo nos reserva, seremos resilientes. Seguiremos em frente e vamos fazer com que nossa voz seja ouvida no dia 10 de janeiro", acrescentou.
Além deste prêmio, Machado recebeu este ano o Vaclav Havel de Direitos Humanos, atribuído pelo Conselho da Europa.
A venezuelana de 57 anos venceu as primárias de 2023 com o objetivo de concorrer como candidata da oposição nas eleições presidenciais de julho de 2024.
No entanto, as autoridades eleitorais venezuelanas barraram sua candidatura e no último minuto a plataforma da oposição lançou o nome de González Urrutia.
O Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento é atribuído anualmente pelo Parlamento Europeu e presta homenagem ao físico nuclear e dissidente soviético Andrei Sakharov, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1975.
O prêmio é acompanhado por um prêmio de 50 mil euros (320 mil reais).
R.Lagomarsino--PV