Governo da Alemanha enfrenta pressão após atropelamento em mercado de Natal
O governo da Alemanha enfrentava duras críticas neste domingo, após o atropelamento no mercado de Natal de Magdeburgo que deixou cinco mortos e vários feridos, com as dúvidas sobre se as autoridades poderiam ter feito mais para evitar que o suspeito, um refugiado saudita, executasse o ataque.
"Por quê?", pergunta o jornal Bild, o mais lido da Alemanha, em um editorial.
Por que não atuaram contra o médico de 50 anos, suspeito de causar a morte de cinco pessoas e ferir mais de 200 na sexta-feira, apesar de vários sinais preocupantes?
Taleb Jawad al Abdulmohsen teve uma audiência com um juiz no sábado e foi colocado em detenção provisória.
Segundo a revista Der Spiegel, os serviços secretos sauditas alertaram as forças de segurança alemãs há um ano sobre o perfil de Al Abdulmohsen, depois que ele ameaçou a Alemanha na rede social X pelo tratamento reservado aos refugiados sauditas.
A advertência, no entanto, foi ignorada e o médico se envolveu cada vez mais com teorias da conspiração violentas.
O suspeito acusava constantemente a Alemanha de não fazer o suficiente para proteger os sauditas que fugiam de seu país para escapar do islã rigoroso, enquanto, segundo ele, recebia muçulmanos radicais de outros países de braços abertos.
- Condenações -
O suspeito escreveu em agosto em sua conta na rede social X: "Existe um caminho para a justiça na Alemanha sem explodir uma embaixada alemã ou sem degolar aleatoriamente cidadãos alemães? Procuro este caminho pacífico desde janeiro de 2019 e não o encontro".
Em 2013, ele foi multado em Rostock por "perturbar a ordem pública" e "ameaçar cometer crimes".
O médico também gerou medo dentro da comunidade saudita exilada na Alemanha. Mina Ahadi, presidente do Conselho Central dos Muçulmanos Antigos, o descreveu como um "psicopata conspirador de extrema direita" que odeia qualquer um que não compartilhe seu ódio.
A polícia alemã, após uma avaliação de "risco" no ano passado, considerou que ele não apresentava nenhum "perigo em particular", informou o jornal Die Welt neste domingo.
Um dia antes de executar o ataque, o suspeito ignorou uma intimação judicial em Berlim, onde é processado por um surto em uma delegacia de polícia que se recusou a registrar uma denúncia que o saudita apresentou, segundo a imprensa alemã.
Alice Weidel, líder da extrema direita alemã, criticou "a inação do governo que permitiu o horror de Magdeburgo".
Seu partido, Alternativa para a Alemanha (AfD), está em segundo lugar nas pesquisas para as eleições legislativas antecipadas de fevereiro de 2025.
- Polêmica-
O AfD convocou uma sessão extraordinária da Câmara dos Deputados para debater o que chamou de situação de segurança "catastrófica" do país.
Sahra Wagenknecht, líder do BSW, um partido da esquerda radical que defende uma linha dura contra a imigração, exigiu explicações depois de "tantas advertências foram ignoradas".
A autoridades políticas do país visitaram o local do ataque durante fim de semana para homenagear as cinco vítimas fatais, quatro mulheres com idades entre 45 e 75 anos e um menino de nove anos.
O criminoso avançou com um veículo da marca BMW contra a multidão. O número de mortes pode aumentar porque 40 pessoas atropeladas foram internadas em estado graves.
O chefe de Governo, Olaf Scholz, pediu aos alemães que permaneçam unidos. Mas o ataque de Magdeburgo aumentou as críticas a sua administração em plena campanha eleitoral.
H.Lagomarsino--PV