Marco Rubio ataca a China e pede 'diplomacia audaciosa' na Ucrânia
Marco Rubio, o filho de imigrantes cubanos escolhido por Donald Trump como chefe da diplomacia de seu futuro governo, disse que a China trapaceou para alcançar o status de superpotência e defendeu uma "diplomacia audaciosa" para pôr fim à guerra na Ucrânia.
Rubio está sendo sabatinado por seus colegas senadores nesta quarta-feira (15) em uma audiência para sua confirmação no cargo, a qual deve ocorrer sem contratempos. Sendo aprovado, ele vai se tornar o primeiro latino a comandar o Departamento de Estado americano.
Rubio atacou a China, país que o presidente democrata Joe Biden também considera um rival.
O "falcão" rejeitou um dos princípios-chave de Biden: priorizar uma "ordem mundial liberal" baseada em regras e liderada pelos Estados Unidos.
Defendeu, ao contrário, o lema de Trump "America First" (EUA em primeiro).
"A ordem global do pós-guerra não só está obsoleta, como agora é uma arma usada contra nós", disse ele durante um discurso interrompido várias vezes por manifestantes.
"Recebemos o Partido Comunista Chinês nesta ordem mundial. E eles se aproveitaram de todos os benefícios. Mas ignoraram todas as suas obrigações e responsabilidades", acrescentou.
Para evitar que a China invada Taiwan, que Pequim considera parte de seu território, Rubio acredita que Washington deve demonstrar às autoridades chinesas que elas pagariam um preço "alto demais".
"Eles mentiram, enganaram, hackearam e roubaram para alcançar o status de superpotência global, às nossas custas", afirmou o republicano, que também atacou Rússia, Irã e Coreia do Norte.
- "Ditadores" e "caos" -
"Em Moscou, Teerã e Pyongyang, os ditadores semeiam o caos e a instabilidade", declarou.
Rubio defendeu pôr fim à invasão russa à Ucrânia com uma "diplomacia audaciosa".
"Essa guerra precisa acabar", afirmou.
Rubio, que fala espanhol fluentemente, defendeu a ideia de concentrar a política externa dos Estados Unidos em decisões que contribuam para que o país seja mais seguro, forte e próspero.
"Enquanto os Estados Unidos continuaram priorizando a 'ordem global' acima de nossos interesses nacionais fundamentais com muita frequência, outras nações seguiram agindo como os países sempre agiram e sempre farão", com base no "que mais os beneficia", afirmou Rubio.
Sua sabatina no Senado ocorre um dia depois de Biden decidir retirar Cuba da lista de países que patrocinam o terrorismo para facilitar a libertação de manifestantes presos na ilha.
O anúncio ocorreu quase quatro anos depois de Trump ter voltado a incluir Cuba na lista negativa ao deixar o cargo.
Rubio, cujos pais emigraram de Cuba antes da revolução de Fidel Castro em 1959 e se opuseram aos comunistas, tem defendido há anos uma ação contundente contra a ilha, além de Venezuela e Nicarágua.
"Narcoterroristas, ditadores e déspotas se aproveitam das fronteiras abertas para promover a migração em massa, traficar mulheres e crianças e inundar nossas comunidades com fentanil" e "criminosos violentos", afirmou.
Senador por três mandatos, Rubio é respeitado por seus colegas e muito conhecido entre os latinos.
Em 2016, foi rival de Trump nas primárias republicanas.
Naquela época, a relação entre ambos era péssima. Ele disse de Trump que tinha "mãos pequenas" e o chamou de "golpista". O magnata também zombava dele, chamando-o de "pequeno Marco".
Mas com o tempo, passaram de inimigos a aliados.
- Mais sabatinas -
Nesta quarta-feira, também passarão pela sabatina dos senadores Pam Bondi, uma advogada de confiança de Trump escolhida para o cargo de procuradora-geral dos Estados Unidos e secretária de Justiça.
Ela foi sua segunda opção, depois que Matt Gaetz se viu obrigado a renunciar após ser acusado de pagar por sexo, inclusive com uma menor de idade, algo que ele nega, além de consumo ilegal de drogas.
Kristi Noem, candidata a secretária do Departamento de Segurança Interna, responsável pela proteção de alfândegas e fronteiras e pela gestão da migração, também será sabatinada nesta quarta.
Se for confirmada, desempenhará um papel crucial na deportação em massa de migrantes em situação irregular prometida por Trump.
A governadora de Dakota do Sul ganhou pontos entre os republicanos por sua oposição às restrições da pandemia de covid-19, mas gerou uma forte polêmica ao confessar que matou sua cadela com um tiro porque ela era "indomável".
R.Zarlengo--PV