Pallade Veneta - Trump lança campanha de deportação de imigrantes irregulares nos EUA

Trump lança campanha de deportação de imigrantes irregulares nos EUA


Trump lança campanha de deportação de imigrantes irregulares nos EUA

Autoridades dos Estados Unidos prenderam 538 "imigrantes irregulares" e deportaram "centenas" em uma grande operação apresentada pela Casa Branca como "a maior" da história, poucos dias após o início do segundo mandato de Donald Trump.

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O presidente republicano prometeu reprimir a imigração irregular durante sua campanha e começou seu segundo mandato na segunda-feira declarando estado de emergência nacional na fronteira com o México, além de ter assinado vários decretos relacionados à questão migratória.

"O governo Trump prendeu 538 imigrantes ilegais criminosos" e "deportou centenas" deles "em aviões militares", declarou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, na rede social X.

A mensagem está acompanhada de duas fotos que mostram pessoas enfileiradas entrando em um avião militar.

A agência federal de Imigração e Controle Alfandegário (ICE, na sigla em inglês) confirmou o número, que inclui 373 pessoas detidas, entre elas, segundo Leavitt, "um suposto terrorista, quatro membros da gangue venezuelana Trem de Aragua e vários imigrantes ilegais condenados por crimes sexuais contra menores".

"A maior operação de deportação em massa da história está em andamento. Promessas cumpridas", escreveu a porta-voz da Casa Branca.

"Estes são assassinos [...] são os primeiros que vamos expulsar", disse Trump nesta sexta-feira (24) ao chegar a Asheville, na Carolina do Norte (leste), em seu primeira viagem desde a posse.

Duas aeronaves militares, uma com 79 pessoas (31 mulheres e 48 homens) e outra com um número indeterminado delas, chegaram à Guatemala nesta sexta, segundo autoridades do país, que não detalharam se a ação faz parte de uma operação de Trump ou se já estava programada.

- 'Pura propaganda' -

O secretário interino de Segurança Interna, Benjamin Huffman, emitiu hoje uma circular exigindo a colaboração dos 50 estados americanos e das administrações locais para fazer com que os decretos contra a imigração irregular sejam cumpridos, diante de um "fluxo maciço de estrangeiros" na fronteira.

Para Aaron Reichlin-Melnick, especialista da ONG American Immigration Council, "é uma operação de pura propaganda". "No ano passado e nos anteriores, já havia dezenas de voos de deportação toda semana", afirmou.

Durante o ano fiscal de 2024 (de outubro de 2023 ao final de setembro do ano passado), sob a presidência de Joe Biden, a polícia de fronteira expulsou um total de 271 mil imigrantes em situação irregular, uma média de 742 pessoas por dia.

Trump demonizou os imigrantes durante a campanha, descrevendo-os como "selvagens", "animais" ou "criminosos", e prometeu a maior deportação da história em um país onde cerca de 11 milhões de pessoas vivem em situação irregular.

A porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, disse nesta sexta-feira em Genebra que enquanto os países "têm o direito de exercer sua jurisdição em suas fronteiras internacionais", devem lembrar que "o direito de buscar asilo é um direito humano universalmente reconhecido".

- 'Sem mandado judicial' -

Segundo testemunhas, os migrantes detidos são de origem equatoriana, uma comunidade muito numerosa na região.

"Nenhuma dessas pessoas é um criminoso violento ou delinquente", afirmou Baraka, que denunciou que o "ICE agiu sem um mandado judicial" e classificou a operação como uma "violação" da Constituição.

Fiel às promessas de campanha, Trump emitiu uma série de decretos em seu primeiro dia no cargo, desde restabelecer seu programa "Fique no México" — uma política que implementou em sua primeira gestão (2017-2021) — no qual os requerentes de asilo esperam do lado mexicano da fronteira a conclusão dos trâmites para sua solicitação, até o prosseguimento da construção do muro que divide os dois países.

Ele também suspendeu até segundo aviso todas as chegadas aos Estados Unidos de refugiados que solicitaram asilo, incluindo os aprovados, e encerrou as vias legais implementadas por Biden, como o aplicativo CBP One e o programa para imigrantes de Nicarágua, Venezuela, Cuba e Haiti.

Os decretos do republicano também incluem uma ordem executiva que busca restringir o direito à cidadania por nascimento nos Estados Unidos, que foi suspensa temporariamente pela Justiça na quinta-feira.

Esta semana, o Congresso de maioria republicana aprovou uma lei para prorrogar a prisão preventiva de imigrantes em situação irregular suspeitos de crimes como furto e roubo.

A.Rispoli--PV