Blinken percorre o Oriente Médio em busca de trégua para guerra em Gaza
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, continuou nesta terça-feira (6) sua viagem pelo Oriente Médio, na qual busca uma nova trégua entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas em Gaza, sitiada e devastada por quatro meses de guerra.
Blinken iniciou na segunda-feira na Arábia Saudita sua quinta viagem à região desde o início da guerra em 7 de outubro e nesta terça-feira se reuniu no Egito com o presidente Abdel Fatah al Sissi, antes de partir para o Catar e depois para Israel.
O presidente argentino, Javier Milei, também chegou nesta terça-feira a Israel e logo depois anunciou o seu plano de transferir a embaixada do seu país, atualmente perto de Tel Aviv, para Jerusalém.
Em sua segunda viagem ao exterior desde que assumiu a Presidência em dezembro, o ultraliberal Milei afirmou que quer assim expressar seu "apoio ao povo de Israel" e "defender a legítima defesa" do Estado judeu contra "os terroristas" do movimento islamista palestino Hamas, segundo declarações gravadas pela AFPTV.
O gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu recebeu com satisfação o anúncio, um apoio diplomático à reivindicação de Israel sobre Jerusalém, cuja parte oriental palestina ocupa desde 1967.
- Urgência diplomática -
Enquanto isso, os bombardeios e os combates se intensificaram na Faixa de Gaza, onde o Ministério da Saúde do Hamas contabilizou 107 mortos em 24 horas. Os ataques israelenses atingiram as cidades de Khan Yunis e Rafah, no sul, segundo um jornalista da AFP.
Em um território mergulhado em uma grave crise humanitária, a situação de vários hospitais, cercados por combates e que abrigam milhares de deslocados, é fonte especial de preocupação.
Cerca de 300 pessoas, entre idosos, doentes e profissionais, permanecem em um dos principais centros médicos de Khan Yunis, o Hospital Al Amal, depois que 8.000 pessoas foram evacuadas na segunda-feira, informou a Cruz Vermelha, de Genebra.
A campanha diplomática de Blinken cobrou maior urgência ante o avanço das forças israelenses sobre Rafah, uma cidade na fronteira com o Egito onde se refugia metade da população de Gaza.
Após o Catar, o secretário de Estado viajará a Israel e à Cisjordânia ocupada com a esperança de angariar apoio para uma proposta de cessar-fogo negociada em janeiro em Paris, que, porém, não foi assinada por nenhum das partes.
A guerra eclodiu em 7 de outubro após um ataque sem precedentes em solo israelense por parte de comandos do grupo islamista palestino Hamas, quando 1.160 pessoas foram assassinadas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
Os milicianos islamistas também sequestraram quase 250 pessoas. Mais de 100 foram libertadas em uma trégua em novembro, mas Israel acredita que 132 continuam em Gaza, incluindo 28 supostamente mortas, de acordo com o gabinete de Netanyahu.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar que matou 27.585 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o balanço mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde do Hamas, que governa o território.
- "Não há lugar seguro" -
"Não há lugar seguro, nenhum. Para onde devemos ir?", questionou Mohamad Kozaat depois que seis integrantes de sua família, incluindo sua filha, ficaram feridos em um bombardeio israelense.
O governo dos Estados Unidos apoia o aliado Israel com armamento e respaldo diplomático, mas também exigiu a proteção da população civil e negociações para a criação de um Estado palestino.
A proposta defendida por Blinken contempla uma pausa dos combates durante seis meses, uma troca de reféns israelenses por presos palestinos e mais ajuda humanitária para Gaza, segundo uma fonte do Hamas.
Netanyahu, que é pressionado por parte do seu gabinete que exige firmeza contra o Hamas e as famílias dos reféns que desejam a libertação, disse que Israel "não aceitará" as exigências do Hamas em uma troca.
De acordo com seu partido, o Likud, o primeiro-ministro afirmou que as condições da troca "deveriam ser semelhantes às do acordo anterior", que se baseou em uma proporção de três prisioneiros palestinos para cada refém israelense.
Em paralelo à guerra em Gaza, a hostilidade aumentou em outros países da região, como Líbano, Iraque, Síria e Iêmen, onde grupos respaldados pelo Irã executam ataques em apoio ao Hamas.
Israel, Estados Unidos e seus aliados responderam aos ataques com bombardeios contra posições de grupos pró-Irã nestes países.
Os rebeldes huthis do Iêmen estão entre os alvos. Desde novembro, o grupo executa ataques contra navios supostamente vinculados a Israel no Mar Vermelho e no Golfo de Áden.
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O.Merendino--PV