Imprensa dissidente da Nicarágua noticia internação de irmão crítico ao presidente
A imprensa nicaraguense exilada na Costa Rica reportou, nesta quarta-feira (12), que Humberto Ortega, irmão do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, foi internado no Hospital Militar de Manágua "com sintomas de infarto", que teria sofrido em casa.
"Aproximadamente às sete horas da noite de terça-feira, 11 de junho, um contingente de forças policiais transferiu o general reformado, Humberto Ortega, ao Hospital Militar de Manágua por causa de uma emergência médica", reportou o jornal Confidencial, citando "fontes vinculadas a esta instituição".
Veículos da imprensa nicaraguense que trabalham principalmente na Costa Rica, como "100% Noticias" e o jornal "La Prensa", afirmaram que Humberto Ortega, ex-chefe do Exército e crítico do governo esquerdista de seu irmão, foi internado "com sintomas de ter sofrido um infarto cardíaco em casa".
O governo da Nicarágua não comentou estas versões.
Em meados de maio, a Polícia da Nicarágua anunciou que havia instalado uma unidade médica na casa de Humberto Ortega. Isto ocorreu depois de ele ter dito em uma entrevista à imprensa que o seu irmão, de 78 anos, não tem sucessores e que o seu poder não resistirá a uma eventual morte.
A retenção de Humberto Ortega, de 77 anos, em sua residência foi interpretada como prisão domiciliar por opositores no exílio.
No dia 29 de maio, o presidente da Nicarágua afirmou em evento público que o chefe do Exército em 1992 - Humberto Ortega, sem nomeá-lo - cometeu um ato de "traição ao país" ao ter condecorado naquela época um militar dos Estados Unidos.
Os dois irmãos fizeram parte da guerrilha sandinista que lutou contra a ditadura da família Somoza, que governou o país centro-americano com mão de ferro por mais de quatro décadas (1936-1979).
Após o triunfo da revolução em 1979, Humberto Ortega tornou-se chefe do Exército até 1995, enquanto seu irmão Daniel assumiu as rédeas do governo, sendo então derrotado nas eleições de 1990.
Daniel Ortega retornou ao poder em 2007 e foi sucessivamente reeleito em eleições questionadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE).
N.Tartaglione--PV