Pallade Veneta - Parlamento de Israel aprova resolução contra criação de Estado palestino

Parlamento de Israel aprova resolução contra criação de Estado palestino


Parlamento de Israel aprova resolução contra criação de Estado palestino
Parlamento de Israel aprova resolução contra criação de Estado palestino / foto: Bashar TALEB - AFP

O Parlamento israelense votou nesta quinta-feira (18) contra a criação de um Estado palestino ao afirmar que constitui uma "ameaça existencial", no momento em que o Exército de Israel ataca incessantemente a Faixa de Gaza, apesar dos múltiplos apelos internacionais por um cessar-fogo.

Alterar tamanho do texto:

O pronunciamento é simbólico, mas gerou condenações internacionais e duras críticas por parte da Autoridade Palestina e prepara o terreno para a viagem do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a Washington, na próxima semana.

O premiê está sob pressão de seu principal aliado, os Estados Unidos, que, junto ao Catar e Egito, estão mediando as negociações para um trégua em Gaza e a libertação dos reféns israelenses.

Netanyahu insistiu esta semana que é "o momento de aumentar ainda mais a pressão" sobre o movimento islamista palestino Hamas.

"Temos eles agarrados pela garganta. Estamos a caminho da vitória absoluta", enfatizou perante o Parlamento.

Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza reportou 54 mortes no território palestino nas últimas 24 horas.

A resolução aprovada pelo Parlamento israelense, o Knesset, nas primeiras horas do dia, afirma que a criação de um Estado palestino, nos territórios ocupados por Israel, "perpetuaria o conflito" e "desestabilizaria a região".

"O Knesset de Israel opõe-se firmemente à criação de um Estado palestino a oeste do (rio) Jordão", indicava o texto, alegando que a criação desta entidade "representaria um perigo existencial para o Estado de Israel e seus cidadãos".

O texto foi aprovado por 68 votos a favor, em um Parlamento de 120 lugares. Nove membros do Parlamento pertencentes a partidos árabes se opuseram à resolução e deputados do Partido Trabalhista estiveram ausentes da sessão, informou o jornal local Haaretz.

A resolução dizia que "promover" um Estado palestino encorajaria "o Hamas e os seus apoiadores" após o ataque do movimento islamista.

O conflito eclodiu em 7 de outubro quando comandos do Hamas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.

O Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza anunciou nesta quinta-feira que 38.848 pessoas morreram no território palestino desde o início da guerra.

A Autoridade Palestina, que exerce administração parcial na Cisjordânia ocupada, afirmou que "não haverá paz nem segurança para ninguém sem o estabelecimento de um Estado palestino".

Também acusou a coalizão de extrema direita que governa Israel de "mergulhar a região em um abismo".

A França expressou sua "consternação" pelo voto que afirmou "contradizer as resoluções adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU".

Egito e Jordânia também condenaram a aprovação do texto.

- "Ponto de ruptura" -

A criação de um Estado palestino nos territórios ocupados por Israel após a Guerra dos Seis Dias em 1967 se manteve por décadas como um símbolo dos esforços diplomáticos da comunidade internacional para resolver o conflito.

Os Acordos de Oslo na década de 1990 permitiram a criação da Autoridade Palestina e seu objetivo era avançar uma negociação para a criação de um Estado palestino.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar "muito decepcionado" com a adoção da resolução, segundo o seu porta-voz, Stéphane Dujarric.

Todas as instalações de saúde em Gaza estão em um "ponto de ruptura" devido ao fluxo de vítimas dos bombardeios israelenses, declarou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha nesta quinta.

A guerra também destruiu grande parte das casas e outras infraestruturas de Gaza, deixando quase toda a população sem comida ou água potável.

"Isto não é vida", disse à AFP Umm Nahed Abu Shar, de 45 anos, que vive em uma tenda com a família em Deir el Balah, em meio a nuvens de moscas, o odor de esgoto e doenças constantes.

burs-kir/jsa/an-meb/mb/yr/ic

E.Magrini--PV