Megafoguete da SpaceX explode em primeiro voo de teste
O maior foguete do mundo, Starship, desenvolvido pela empresa americana SpaceX para viagens à Lua e a Marte, explodiu nesta quinta-feira (20), logo após a decolagem. Seu primeiro voo de teste, no entanto, foi celebrado pelo dono da empresa, Elon Musk, que prevê um novo lançamento nos próximos meses.
O megafoguete preto e prateado decolou às 8h30 locais da Starbase, base espacial da SpaceX em Boca Chica, no estado americano do Texas, em meio a gritos de alegria dos funcionários. Em seguida, explodiu.
"Parabéns à equipe da SpaceX pelo emocionante lançamento de teste da Starship! Aprendemos muito para o próximo teste de lançamento, em alguns meses", tuitou Musk. Quatro minutos depois, as equipes da SpaceX induziram a explosão de todo o foguete.
A nave Starship, que constitui o segundo andar do foguete, deveria ter se desprendido do lançador três minutos após a decolagem. “A nave apresentou múltiplas falhas em seu motor no voo de teste, perdeu altitude e começou a despencar”, explicou a SpaceX.
“O sistema de destruição em voo foi ativado tanto no lançador quanto na nave", acrescentou a empresa. Trata-se de um procedimento habitual no caso de a queda do objeto voador representar um perigo.
- 'Risco calculado' -
O principal objetivo do voo de teste foi coletar o máximo de dados possível para melhorar os futuros protótipos. A primeira tentativa deste tipo de lançamento havia sido cancelada de última hora na segunda-feira (17), após um problema técnico. "Este é o primeiro voo de um foguete enorme e muito complexo", disse Musk no domingo, chamando o teste de "muito arriscado".
A agência espacial americana, Nasa, escolheu a o Starship para transportar astronautas à Lua pela primeira vez desde o encerramento do programa Apollo, em 1972. A missão, conhecida como Artemis III, está prevista para o fim de 2025.
O presidente da agência, Bill Nelson, elogiou a SpaceX. "Cada grande conquista na história exigiu algum nível de risco calculado", tuitou, dizendo que estava "ansioso" para o próximo teste.
Com 120 metros, o Starship era mais alto que o novo megafoguete SLS da Nasa, que tem 98 metros e foi lançado pela primeira vez em novembro. Ele também ultrapassava o lendário Saturno V, foguete do programa lunar Apollo, de 111 metros.
O foguete contava com um poderoso primeiro estágio, denominado Super Heavy e equipado com 33 motores, e um segundo estágio, a espaçonave homônima, que acabou dando nome à sua totalidade.
Em fevereiro, a SpaceX já havia realizado com sucesso o teste de todos os 33 motores, mas o Super Heavy e o Starship nunca voaram juntos. O voo de teste teve como objetivo avaliar seu desempenho em configuração completa.
- Temor de explosão -
O plano de voo desta quinta-feira estimava que cerca de três minutos após a decolagem, o propulsor Super Heavy se separaria da Starship e cairia nas águas do Golfo do México. Mas este desprendimento não ocorreu e o foguete explodiu.
Se a operação tivesse sido bem-sucedida, o Starship, que tinha seis motores próprios, continuaria sua subida a uma altitude de mais de 150 km, completando uma volta quase completa em torno da Terra antes de cair no Oceano Pacífico.
Mas passar por todas essas etapas na primeira tentativa teria sido uma façanha.
Musk já havia moderado as expectativas, dizendo que era improvável que alcançasse a órbita no primeiro voo de teste. Ele indicou que esperava que pelo menos a plataforma de lançamento não fosse destruída pela explosão dos motores do Super Heavy, já que reconstruí-la poderia levar "meses".
O Starship foi projetado para levar até 150 toneladas de carga em órbita. Em comparação ao foguete Falcon 9, também da SpaceX, que só pode transportar pouco mais de 22 toneladas à órbita baixa da Terra.
Mas a verdadeira inovação do foguete é que ele deve ser totalmente reutilizável, algo que Musk acredita que pode ser alcançado em "dois a três anos".
Neste primeiro teste, não haveria tentativa de recuperar nenhum dos dois estágios do foguete, mas eventualmente isto será feito.
"Desenhamos a Starship para que seja o mais parecido possível com as operações de uma companhia aérea", explicou a diretora de operações da SpaceX, Gwynne Shotwell, em fevereiro.
Isso é um imperativo para o bilionário, que acredita que os seres humanos precisarão de centenas de foguetes Starship para terem a chance de se tornarem uma espécie multiplanetária.
A.Graziadei--PV