Pallade Veneta - Veterano da II Guerra Mundial se casará na Normandia no 80º aniversário do Desembarque

Veterano da II Guerra Mundial se casará na Normandia no 80º aniversário do Desembarque


Veterano da II Guerra Mundial se casará na Normandia no 80º aniversário do Desembarque
Veterano da II Guerra Mundial se casará na Normandia no 80º aniversário do Desembarque / foto: GIORGIO VIERA - AFP

Harold Terens e Jeanne Swerlin dizem que sua história de amor é "melhor que a de Romeu e Julieta". Ele tem 100 anos; ela, 96, e em junho vão se casar na França, oitenta anos depois de ele conhecer o país durante a Segunda Guerra Mundial.

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Terens, um veterano americano, será homenageado em 6 de junho no 80º aniversário do Desembarque da Normandia, uma operação que mudou o conflito.

Dois dias depois, Jeanne e ele se casarão em Carentan-les-Marais, perto das praias onde milhares de soldados desembarcaram naquele dia de 1994, em uma cerimônia presidida pelo prefeito dessa localidade.

"Essa é uma história de amor como nunca tinha ouvido antes", assegura Terens.

Durante a entrevista na casa dela em Boca Ratón (Flórida), ambos se olham apaixonado, se dão a mão e se beijam como adolescentes.

Harold "é uma pessoa incrível. Gosto de tudo nele. É bonito e beija muito bem", disse Swerlin.

O noivo é um homem alegre e espirituoso, dotado de uma memória fantástica. Lembra-se de datas, cidades e acontecimentos. Falar com ele é como olhar para um livro de história vivo.

Pouco depois de completar 18 anos, o Japão bombardeou a base naval americana de Pearl Harbor e ele, como muitos jovens de seu país, quis se alistar ao Exército.

Sonhava ser piloto da Força Aérea, mas seu daltonismo o impediu e acabou se tornando um especialista em código Morse.

Aos 20 anos de idade, Terens partiu para a Inglaterra em um navio. Lá, ele foi designado para quatro caças P47 Thunderbolt, para os quais deveria garantir uma boa comunicação terra-ar.

"Estávamos perdendo a guerra porque perdíamos muitos aviões e muitos pilotos", recorda. "Esses pilotos eram meus amigos e os mataram. Eram todos jovens".

Sua companhia perdeu a metade de seus 60 aviões durante o Desembarque da Normandia. Pouco depois, Terens viajou como voluntário para essa região do norte da França para transportar para Inglaterra prisioneiros de guerra alemães e aliados libertados.

- Uma missão secreta -

Um dia Terans recebeu ordens de partir e um envelope com a instrução de não abri-lo até chegar ao seu destino. Começou um périplo que o levou à Ucrânia soviética após passar por Casablanca, Argélia, Tunísia, Líbia, Cairo, Bagdá e Teerã.

Quando chegou à Ucrânia, um oficial russo o comunicou que ia participar de uma missão secreta. Tinha que entregar bombas, combustível e comida para os bombardeiros B-17 que aterrissavam lá após decolar da Inglaterra e atacar campos petrolíferos da Romênia que abasteciam a Alemanha Nazista.

A operação durou 24 horas até que os alemães descobriram a base aliada na Ucrânia e a atacaram.

Terans ficou em um lugar desconhecido, contraiu disenteria e sobreviveu graças à ajuda de uma família de fazendeiros locais.

Ao voltar à Inglaterra, se salvou por alguns segundos quando a dona de um pub se negou a lhe servir uma bebida porque ia fechar. Decepcionado, deixou o local, caminhou duas quadras e um foguete alemão explodiu o estabelecimento.

O americano voltou a sua Nova York natal depois que os nazistas capitularam em 8 de maio de 1945, mas antes voou até a Alemanha para repatriar prisioneiros de guerra aliados.

- "Pessoa mais sortuda do mundo" -

Após a guerra, ele se casou com Thelma, com quem viveu por 70 anos e teve duas filhas e um filho.

O veterano trabalhou para uma grande empresa britânica e, quando ambos se aposentaram, estabeleceram-se na Flórida.

A morte de Thelma em 2018 afundou Terens. “Minha existência consistiu em três anos de pena de mim mesmo e de luto pela minha falecida esposa”, lembra ele.

No entanto, estava prestes a ter um novo sopro de vida. Em 2021, um amigo em comum o apresentou a Swerlin, uma mulher brilhante que também era viúva.

Não houve paixão. Em seu primeiro encontro, Terens não conseguia nem olhar para ela, mas um segundo encontro mudou tudo e eles não se separaram mais desde então.

“Nunca amei ninguém como amo essa garota”, diz Terens. “Ela ilumina minha vida. Ela torna tudo mais bonito, faz a vida valer a pena", acrescenta ele.

O veterano, que recebeu a mais alta distinção da França, a Legião de Honra, do presidente Emmanuel Macron, em 2019, está ansioso para se casar na Normandia após as comemorações do Desembarque.

Cercados por familiares e amigos, eles dirão “sim” durante uma cerimônia na qual a neta de Terens cantará “I will always love you”, de Whitney Houston, e sua bisneta de dois anos espalhará pétalas de flores pela sala.

“Provavelmente sou a pessoa mais sortuda do mundo”, diz Terens. “Eu tenho tudo. Tenho cem anos de idade e ainda estou vivo.

E.Magrini--PV