Pallade Veneta - Setor privado deverá investir muito mais no clima, diz FMI

Setor privado deverá investir muito mais no clima, diz FMI


Setor privado deverá investir muito mais no clima, diz FMI
Setor privado deverá investir muito mais no clima, diz FMI / foto: Daniel SLIM - AFP/Arquivos

Um aumento drástico dos investimentos será necessário para alcançar a neutralidade do carbono até 2050, declarou, nesta segunda-feira (2), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e para alcançá-lo, o setor privado terá de se responsabilizar por 80% do financiamento necessário aos países emergentes.

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De acordo com seu relatório anual sobre a estabilidade financeira mundial (GFSR, na sigla em inglês) para as reuniões realizadas anualmente por esta instituição e o Banco Mundial (BM) — que têm início em 9 de outubro em Marrakech —, "o setor privado deverá fazer uma maior contribuição às grandes necessidades de investimento a favor do clima nas economias emergentes e em desenvolvimento".

O Fundo, que utiliza dados recentes da Agência Internacional de Energia (AIE), sinaliza que será necessário um investimento anual de US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões, na cotação atual) até 2030 para que o objetivo das zero emissões seja alcançado em 2050, uma marca muito distante dos 400 bilhões de dólares (quase R$ 2 trilhões) anuais previstos até o momento para os próximos sete anos.

Os países, sobretudo emergentes e em desenvolvimento, não terão condições de cobrir estes montantes financeiros, a menos que elevem as suas já altas dívidas externas em uma média de 45 a 50%.

"Não é fiscalmente sustentável", analisou Ruud de Mooij, vice-diretor de departamento de assuntos orçamentários do FMI, em uma entrevista coletiva virtual. "A boa notícia é que 90% das tecnologias necessárias para reduzir as emissões de hoje até 2023 já existem", acrescentou.

Mas para alcançá-la, o setor privado deverá dobrar sua contribuição, que atualmente representa 40% dos investimentos, até 80%, destaca o relatório.

Entretanto, enquanto países emergentes como a Índia e a China possuem um setor privado com os recursos necessários, o mesmo não acontece com outras nações, o que implica na criação de condições para atrair investimentos internacionais, segundo o FMI.

Estes Estados enfrentam dificuldades, sobretudo "cerca de 40% dos mercados emergentes tem uma qualificação inferior em questão de investimentos, o que significa que para alguns investidores globais, estes países não fazem parte do universo em que podem investir", explicou Fabio Natalucci, vice-diretor do FMI.

Além disso, embora haja um número crescente de fundos de investimento que dão prioridade à sustentabilidade, isso não implica um aumento dos financiamentos para necessidades relacionadas ao aquecimento global.

"Somente uma pequena parte destes fundos pretende ter um impacto positivo no clima, a grande maioria baseia seus investimentos em critérios sociais, de governo corporativo e ambientais, que não são necessários em relação aos desafios climáticos", segundo o relatório.

"Em certos casos, estes não são tão 'verdes' como sugerem seus rótulos (...) Essa é a importância dos rótulos e do alinhamento dos rótulos com exatamente quanto investimento verde existe por trás desses fundos", ressaltou Natalucci.

U.Paccione--PV