Pallade Veneta - Incerteza sobre energias fósseis prolonga negociações na COP28

Incerteza sobre energias fósseis prolonga negociações na COP28


Incerteza sobre energias fósseis prolonga negociações na COP28
Incerteza sobre energias fósseis prolonga negociações na COP28 / foto: Giuseppe CACACE - AFP

Os negociadores enfrentam nesta segunda-feira (11) uma longa jornada de discussões na COP28 para decidir se o mundo deve começar a abandonar o uso das energias fósseis.

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"Estamos em uma corrida contra o tempo para alcançar o consenso", afirmou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que retornou a Dubai para encorajar os diplomatas, após mais de 10 dias de longas reuniões.

Guterres declarou à imprensa é "essencial" que o texto final, que tem a aprovação prevista para terça-feira (12), "reconheça a necessidade de abandonar todas as energias fósseis em um calendário coerente com o limite de 1,5ºC" de aquecimento global.

Esta seria uma decisão histórica desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015.

"Isto não significa que todos os países devem abandonar as energias fósseis ao mesmo tempo", advertiu Guterres.

A COP28 de Dubai é a primeira Conferências das Partes que apresenta um balanço da ação climática desde o Acordo de Paris, que estabeleceu a objetivo de tentar manter a temperatura média global em +1,5ºC na comparação com a era pré-industrial.

O objetivo agora é aprovar novas metas mais ambiciosas, acelerar a transição energética e as medidas de adaptação.

- Uma questão de vocabulário -

E o grande debate, que provoca tensão entre os negociadores, envolve a possibilidade de iniciar a preparação para "abandonar" ("phase out") o uso de petróleo, gás e carvão, que representam mais de dois terços das emissões de gases do efeito estufa.

Outra possibilidade é apenas "reduzir" ("phase down") gradualmente o consumo dos combustíveis fósseis, motores do crescimento mundial desde o início do século XX.

"Não temos um minuto a perder nesta reta final crucial", declarou Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC). Ele pediu o "máximo de ambição possível".

As consultas diplomáticas eram intensas, segundo uma fonte latino-americana. Algumas delegações suspenderam os eventos públicos.

O anúncio de um novo rascunho para o texto foi adiada, o que dificulta o final da conferência na terça-feira, como previsto. Os atrasos e prorrogações nas conferências do clima são habituais.

"É preciso ter paciência. Em uma COP, cada minuto conta", explicou Manuel Pulgar-Vidal, ex-ministro peruano e diretor de questões climáticas do Fundo Mundial da Natureza (WWF).

As negociações são presididas pelo emiradense Sultan Ahmed Al Jaber, CEO da empresa nacional de petróleo dos Emirados, o que provocou suspeitas, embora ele insista que escuta todas as partes e que luta por um "acordo histórico".

A COP28 já examinou pelo menos três rascunhos do acordo. As divergências de vocabulário sobre os combustíveis fósseis podem ser solucionadas com uma combinação de expressões, aliadas a compromissos na área de energias renováveis ou financiamentos em outras áreas.

- Maioria dos países -

Para a grande maioria dos países, segundo o comissário europeu de Ação Climática, Wopke Hoekstra, o caminho para a descarbonização está clara.

Arábia Saudita e Iraque, duas grandes potências petroleiras, expressaram publicamente sua oposição a uma "eliminação" dos combustíveis fósseis na última grande reunião plenária, no domingo.

Os dois países consideram que nada indica que o petróleo, o gás e o carvão devem ser completamente abandonados para garantir o cumprimento do objetivo de +1,5ºC.

Os cientistas insistem que as emissões de gases do efeito estufa não estão diminuindo e, portanto, é necessário adotar medidas drásticas, o mais rápido possível.

O objetivo compartilhado por representantes das quase 200 nações reunidos em Dubai é alcançar a neutralidade de carbono, ou seja, que as emissões e capturas somem zero, até 2050.

F.Abruzzese--PV